terça-feira, 6 de outubro de 2009

Origem do Termo Masoquismo.


Leopold Franz Johann Ferdinand Maria Sacher - Masoch nome do grande escritor, conhecido apenas como Sacher-Masoch, por meio de seus contos e romances publicados tornou-se conhecido mundialmente, ainda que de forma pejorativa, por seu desejo intenso de servir e ser punido por seu mal-comportamento de qualquer espécie, e também pelo prazer gerado pela punição/castigo, sendo causado, ou não, por meio da dor, ainda que tipicamente os castigos doloros fossem os mais usuais.

Masoquismo é defindo também como uma pervesão sexual ou doença comportamental, na qual o indíviduo alcança , o seu pleno prazer individual, somente por meio da fustigação, em um sentido mais amplo. Para tal, consideram que o prazer advindo da necessidade de ser ferido - não somente em sua acepção comum , mas também os ferimentos de natureza psicológica (degradação moral, de status, provindos de humilhações em particular, ou em público, exposição a situações degradantes de sofrimento, privações de atos reflexos, etc), de natureza física (cortes, tapas, chineladas, chibatadas, etc), e também de liberdade (restrições de sentidos, privações de comida, movimentos, atos [como o de andar, por exemplo], etc) - provém de extremos das pulsões "libido" e "morte". Em que a "pulsão libido" impulsona o indíviduo a buscar a morte, e a "pulsão da morte", em contrapartida, estimula a "pulsão libido", levando o indíviduo a buscar cada vez mais a se aproximar de seus limites indíviduais garantindo assim que a "pulsão morte" não seja alcançada. Um desequilíbrio para qualquer dos lados da balança caracteriza o masoquismo como doença, necessitando de tratamento.

Convém ressaltar que, apesar de poder ser confundido com um Sadismo voltado à auto-aflição, o Sadismo é caracterizado por uma destrutividade projetada, ou seja, canaliza-se a destrutividade para um alvo, não sendo portanto o indivíduo seu próprio alvo, caracterizando assim um outro distúrbio terceiro, o qual não pretendemos focar, ou se prender.

De posse das definições acima, podemos pensar em definir então o termo masoquista. (lembrando que: em momento algum, Esse que vos fala, tem a pretensão de ser definitivo, ou imperativo de impor suas crenças e pensamentos, escrevendo aqui simplesmente para enriquecer o tanto de conhecimento disperso acerca do BDSM e seus afins, estando assim, livre para discutir, e crescer em conjunto).

Para o grupo seleto, praticante ou simpatizante, do mundo BDSM, o masoquismo, nada mais que é que uma postura sócio-comportamental, comumente erótica, com relação ao prazer. Em outras palavras, é uma forma de se portar, acreditar, agir e sentir-se com relação ao prazer.
O masoquismo têm sido confundido, nos tempo modernos, com uma prática, ou uma qualidade do praticante. Podemos afirmar que sim, essas colocação não estão incorretas, porém, muito incompletas.

Ser masoquista é muito mais que se submeter a uma prática, ou optar pela dor para gerar prazer, pois, como prática, qualquer tipo de castigo previamente aceito, incorreria em masoquismo, o que não viria a ser verdade, vide que há bottoms que não suportam a dor constante, quiçá extrema, e como qualidade do bottom, poderia ser subproduto de uma vida, ou mesmo um dia, cheios de desprazeres, o qual se encontrando em um estado de espírito propício encontra-se com o prazer provindo da dor, gerando vergonha, e consciência pesada após alterar seu estado. Ou simplesmente na falta de encontrar um prazer qualquer, real, intenso, em seu cotidiano medíocre, o indivíduo se entrega à sua nova qualidade de masoquista, para obter um prazer baunilha, um prazer comum, trivial.

O masoquismo é a paixão, é a entrega à vontade de outrém para ser castigado, fustigado, açoitado, pelo prazer ao açoite, pelo prazer da punição, e conseqüentemente, e não somente, da dor. Ser masoquista é, sobretudo, ter a dor como seu maior prazer, visto que a mesma é o fruto maior da submissão, da entrega. Ser masoquista é assumir "Um pacto onde o prazer é obtido à custa do sofrimento", como assim o próprio Sacher-Masoch o colocava.

Segue para apreciação e por curiosidade uma pequena biografia sobre Sacher-Masoch:

O Masoquismo tornou-se sinônimo de prazer obtido pela dor e sofrimento. Mas Leopold merece mais do que isso. Foi um dos maiores escritores do seu e de todos os tempos. Poucos sabem.

Masoch era de ascendência nobre. A cidade em que nasceu levava o nome de seu bisavô e o seu próprio: Léopold. Seu pai era a maior autoridade da região. Um conselheiro com o título de cavalheiro. Algo como um prefeito e um delegado reunidos num único poder. Masoch herdou do pai a inclinação pelos prazeres do sexo? Bem, o certo é que ele foi uma figura poderosa para Masoch. Homem que amava o luxo, a caça, e não tinha pruridos em exaltar o próprio sucesso.

No século 19 a Áustria pertencia ao Império Austro-Húngaro, e os nobres falavam francês, que era considerada a língua culta. Masoch alfabetizou-se em francês e alemão. Estudou filosofia e ciências naturais. Aspirava e conseguiu tornar-se um romancista de primeira linha. Tinha um projeto literário extremamente ambicioso. Pretendia, num conjunto de 20 volumes intitulados O Legado de Caim, fazer uma síntese da condição humana em seus aspectos literários, naturais e filosóficos. Mas os homens têm a memória curta para a arte e aguçada para as perversões. Masoch retratou em seus romances suas próprias inclinações, e isso o condenou.

Em 1869, Masoch, então com 33 anos, conheceu Fanny de Pistor Bogdanoff, bela mulher, nobre como ele, e que acima de tudo o amava. Leopold lhe propõe um pacto redigido como contrato: durante seis meses ele será seu criado. Ela poderá fazer com ele o que bem entender. A única ressalva é que permita que ele continue a escrever seus romances durante três horas por dia.

O contrato era para Masoch uma forma de reinventar as relações entre homem e mulher. Havia algo de Fausto também na idéia. Um pacto onde o prazer é obtido à custa do sofrimento. Fanny estranha a proposta, mas por amor aceita. O casal empreende uma viagem pela Itália. Passeiam extasiados pelos belos e antigos cenários de Nápoles. Masoch vestido e comportando-se como um criado polonês, que acompanhasse a princesa.

Ele tinha uma fantasia. Deveriam encontrar um amante para ela, jovem e belo, que a possuísse. Eles o chamariam o Grego. Finalmente, ela pediria ao amante que chicoteasse seu criado, que se comportara mal. A primeira parte do plano deu certo. Fanny realmente conseguiu uma amante. Era uma ator chamado Salvini. Mas o rapaz se recusou a surrar Masoch. Este suplicou, beijando-lhe os pés, que o castigasse. Sem sucesso. Em seu livro A Vênus de Peles, a cena aparece inteira, e na literatura o amante não hesita em malhar o criado. O gozo é atingido. Em seu livro, Présentation de Sacher - Masoch, o filósofo Gilles Deleuze faz o seguinte comentário: "O contrato masoquista não expressa somente a necessidade do consentimento da vítima, mas também o dom de persuasão, o esforço pedagógico e jurídico pelo qual a vítima educa seu carrasco."

Com A Vênus de Peles, Masoch tornou-se um escritor conhecido. A fama trouxe uma enxurrada de assédios, alguns sinceros, outros oportunistas. Um desses viria a marcar a vida do escritor. Trata-se do encontro com Wanda.

Abandonada pelo pai e vivendo em péssimas condições com a mãe, que lavava roupa para o exército, Wanda conheceu Madame Frischauer, que julgava ter razões para se vingar de Masoch. Seu filho, um jornalista corrupto, fora denunciado por Leopold. Madame Frischauer leu o livro de Masoch e percebeu sua fraqueza por mulheres dominadoras.

Obrigou Wanda, que era sua empregada, a ler o livro também. Convenceu a jovem de que Masoch a adotaria se ela encarnasse os desejos perversos dele. Fez mais.

Escreveu uma carta a Masoch oferecendo seus préstimos e seu amor. Wanda assinou a missiva. Masoch engoliu a isca e respondeu assim: "Se eu tivesse a sorte de encontrar uma mulher que pudesse encarnar essa Vênus das peles, essa mulher eu amaria, eu a adoraria até a loucura, eu poderia me tornar seu escravo, mesmo que ela fosse apenas uma arrumadeira, porque só espero da mulher beleza e amor".

Quando Wanda, que em verdade chamava-se Aurora Rümelin, e foi rebatizada como Alice por Masoch percebe que ele estava fisgado, passa a sonhar com o casamento. A segurança de estar ao lado de um nobre era por demais tentadora.

Havia um impedimento. Wanda usava em seus encontros uma máscara, e se dizia casada para mais inflamar o desejo de Masoch. Ela aprendera em seus livros que o ciúme é afrodisíaco. Os encontros com uma dama comprometida tinham sabor especial para Leopold. Wanda dispõe-se a abandonar o suposto marido. Masoch era ainda noivo de Jenny. Decide-se por abandoná-la em favor de Alice/Wanda. Esse é apenas o início de seu aviltamento. Quando Wanda percebe que ele está plenamente dominado retoma a idéia do contrato.

Envia para Masoch uma carta com o seguinte trecho: "Se me ama como diz, deve assinar o texto anexo, acrescentado-lhe algumas palavras para confirmar que aceita todas as minhas condições e que dá sua palavra de honra de ser meu escravo até o último suspiro. Prove que tem coragem de se tornar meu marido, meu amante, e... meu cão."

Leopold aceita, com a condição de que ela tire a máscara.


Ele descreve assim o primeiro encontro amoroso dos dois:

"Wanda:

- Dispa-se.

Eu tiro o casaco, ela quer me amarrar os pés, quer fazê-lo ela própria, amarra-me os pés e as mãos, me chicoteia; inclina-se para mim, pergunta se gosto daquilo. Volúpia. Depois aproxima seus lábios dos meus. Como quero beijá-la, ela se afasta, quer que eu lhe suplique, depois chicoteia com tanta força que mal posso suportar."

Caso limite entre um romancista e seus personagens. Ele criou Wanda e aceita agora se tornar o escravo de sua própria criatura. Wanda, moça pobre que ascendeu à burguesia com o casamento, logo se tornou uma enfadonha dona-de-casa.

Tiveram três filhos, sendo que o primeiro foi vítima do surto de cólera que se abateu sobre a Europa em 1873. Viveram juntos ainda durante 13 anos, quando tiveram o segundo e o terceiro filho, Alexandre e Demétrius. A separação de Wanda só veio em 1883 com a morte do filho Demetrius e o encontro com Hulda Meister, que seria sua segunda esposa.

Hulda era uma burguesa tradicional, mas amava Leopold. Deu segurança emocional a ele. Foi o apaziguamento. Masoch teve várias outras amantes, nas quais perseguiu seu ideal feminino, ou seja, mulheres fortes, autoritárias, que lhe infligiam os castigos esperados. Com Hulda teve mais 3 filhos.

Sacher - Masoch morreu em 5 de março de 1895, aos 59 anos. Seu corpo foi levado para Heildelberg e cremado, conforme sua vontade. Deixou mais de 30 romances, ensaios e contos publicados. Sua fama como amante singular ultrapassou seu gênio como escritor.

Fontes e referências:


domingo, 4 de outubro de 2009

Postagem de Abertura

Saudações BDSM a todos, Tops, Bottoms e Switchers.

Espero que com este blog, possamos trocar idéias, experiências, conhecimentos...

E, também, dividir o que pouco que sei sobre práticas, liturgia e convivência.



Sejam bem vindos e aproveitem!


...e que nada nem ninguém é mais importante do que nós próprios. E não devemos negar-nos nenhum prazer, nenhuma experiência, nenhuma satisfação, desculpando-nos com a moral, a religião ou os costumes.


Marques de Sade


Fonte: http://coisasdemullher.blogspot.com/